Por Ester Varelo
Pela primeira vez, a Paraíba passa a contar com uma climatologia oficial baseada exclusivamente em dados estaduais. O Atlas Pluviométrico da Paraíba, lançado pelo Governo do Estado da Paraíba, por meio da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), reúne informações atualizadas sobre o regime de chuvas nos 223 municípios, com base em séries históricas validadas entre 1994 e 2023.
A publicação apresenta dados de 242 postos pluviométricos — número significativamente superior aos 117 anteriormente utilizados — e consolida um panorama inédito sobre a distribuição das chuvas no estado. Além dos registros coletados pela Aesa, o Atlas incorpora dados históricos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), resultando em um retrato abrangente das dinâmicas pluviométricas da Paraíba.
Com 444 páginas, a obra inclui tabelas, histogramas, gráficos e mapas temáticos organizados por região, abordando o comportamento das chuvas no Alto Sertão, Sertão, Cariri, Curimataú, Agreste, Brejo e Litoral.
No prefácio, os professores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Célia Campos Braga e José Ivaldo Barbosa de Brito, destacam a importância do trabalho ao reunir dados climatológicos consistentes de todos os municípios paraibanos. Segundo os docentes, a ampliação da rede e a consolidação das séries históricas preenchem uma lacuna significativa no conhecimento sobre a variabilidade das chuvas no estado. Eles também ressaltam o papel fundamental dos observadores meteorológicos, cuja atuação foi essencial para a qualidade dos registros.
Um dos principais avanços da obra é a redefinição das quadras chuvosas, agora distribuídas em três períodos distintos:
• Janeiro a abril – Alto Sertão
• Fevereiro a maio – Sertão, Cariri e Curimataú
• Abril a julho – Agreste, Brejo e Litoral
Outro destaque do Atlas é o registro de Algodão de Jandaíra como o município mais seco do Brasil, conforme os dados recentes analisados pela equipe técnica.
O lançamento oficial da publicação ocorreu no dia 5 de maio, durante a abertura do II Fórum Brasil das Águas, no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa. O evento contou com a presença do governador João Azevêdo e da diretoria da Aesa.
Idealizado e coordenado pelas meteorologistas Carmem Becker e Marle Bandeira, o projeto foi desenvolvido ao longo de quatro anos, com a colaboração dos meteorologistas Lindenberg Lucena e Danilo Cabral, do gerente de Hidrometeorologia e Eventos Extremos da Aesa, Alexandre Magno, e do estagiário de meteorologia Edivan Silva.
Segundo Carmem e Marle, o apoio da diretoria da Aesa foi fundamental para a realização do projeto. “Foi um trabalho de equipe, mas também de confiança. A diretoria acreditou no nosso sonho e åΩnos deu o suporte necessário para concretizá-lo. Nosso sentimento é de gratidão”, afirmam.
Mais do que uma publicação técnica, o Atlas Pluviométrico é uma ferramenta estratégica para o planejamento de políticas públicas, ações de defesa civil, pesquisas acadêmicas e iniciativas voltadas à gestão dos recursos hídricos e à convivência com o semiárido.
A publicação está disponível para consulta e download gratuito no site oficial da Aesa, na seção Biblioteca Digital: www.aesa.pb.gov.br/biblioteca/atlas-pluviometrico-da-paraiba.